quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Quarto Rabisco ou Um Porquê
Quando crianças gostamos de apontar e perguntar sobre a razão de ser das coisas. Quando crescemos aprendemos (ou não) que nem tudo é por causa de alguma coisa. Gosto que a criança em mim aponte e pergunte, porque gera respostas curiosas, simplesmente. Me pergunto por que escrevo (e sei que isso é uma das coisas que não se deve perguntar, por ter infinitas respostas). Sabe, em algumas tribos africanas existe um ancião que guarda toda a história da tribo na memória, acho que poderiam falar sem parar durante meses, se pedissemos. Como o ancião, tenho medo de que a história se perca, então coloco as coisas no papel para lembrar quando ler, já que não confio na minha capacidade de lembrar das coisas. Ao contrário dele, procuro tirar da cabeça para pôr no papel, não quero me tornar uma criatura que guarda toda toda a vida e não mais vive. Deve ser até difícil se mexer com a cabeça tão cheia.
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6 comentários:
Bonito seu post. O esquecimento me assusta, em verdade. Mas não falo isso pra ninguém. Há certas coisas que de fato não posso esquecer. Nunca me perdoaria se o fizesse.
Faz tempo não passava por aqui. Você está bem?
Beijo.
As duas primeiras frases do texto me lembraram um poema que li ontem do Álvaro de Campos. Diz assim: "Não: tudo menos ter razão! [...] De que serve uma sensação se existe uma razão exterior para ela?"
Escrever salva mesmo a gente disso, né? Sabia qu estou pensando em escrever um diário por causa disso? Acho que não teria força, não sei...
Beijo grande, Luisa!
Eu prefiro esquecer, acabo de descobrir. Eu preciso, melhor seria. Não, eu não consigo imaginar estar vivo sem esquecer das coisas. Porque na vida cometemos violentas contradições. E se nos lembrássemos, seria impossível (re)viver as coisas.
Estou sentindo uma dor intensa em dizer isso. Não sei por quê. Às vezes sinto que vou morrer.
Antônio,
Estou bem sim, muito, muito bem. Espero que você também. Como tem passado suas noites? (sei que são preciosas para você)
Que bom que gostou do post, fico feliz! Acho que você usou uma palavra fundamental: certas. Certas coisas não devem ser esquecidas.
Christian,
Por isso é bom tirar da cabeça para por no papel, também descobri isso. Para que possamos (re)viver tudo. Ao mesmo tempo podemos, sempre que quizermos, ler o que escrevemos. Assim também (re)vivemos as coisas, de um jeito diferente, mas ainda assim...
Você tem razão e isso não falei no post: algumas coisas devem mesmo ser esquecidas.
Veja o que eu disse para o Antônio: certas, apenas certas coisas merecem ser lembradas.
Patrick,
Diários são... chatos. Não devemos escrever todo dia. Até porque nem tudo merece ser lembrado.. (o Christian me fez pensar sobre isso)
Escreva um "Importantário"!
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