Para ser sincera ainda não sei por que escrevo. Refletindo um pouco sobre o que passou por mim nestes primeiros anos de consciência (?), percebi que certos acontecimentos vieram meio que ao contrário. Para o mundo, o desenho veio antes da palavra, que por sua vez veio antes da escrita. No meu caso foi tudo de trás para frente. A paixão pelas letrinhas começou logo que aprendi a rabiscá-las e só foi acabar quando cheguei naquela primeira fase meio rebelde da vida. Escrevia versinhos, diários, coisinhas à-toa que ainda procuro quando o sol está quente demais para se sair de casa. A escrita deu lugar à palavra, mas isso durou pouco. Me desconectei disso logo, nunca fui exatamente de falar. Sabe, sempre pensei: temos dois ouvidos, dois olhos e uma só boca. (Se você pensar que temos dois lábios acaba com a minha teoria.) A paixão por traços , imagens e rabiscos começou e as palavras foram deixadas para enferrujar por mais tempo que eu gostaria. Voltei para as minhas palavras pegajosas e anfíbias, apesar de acreditar que meu talento esteja no grafite, na aquarela e nos papéis sem linhas. Todo o cérebro que eu tinha foi para as minhas mãos. (Tenho duas, afinal.)
Não sei também o que esperar deste corpo, acredito que possam sair tanto versos azuis quase infantis em dias de sol forte quanto grunhidos noturnos. Só não vou abandonar meus rabiscos para apodrecer.
domingo, 7 de dezembro de 2008
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3 comentários:
pffffff
Caro Sr(a). Anônimo(a),
Caso as coisas que aqui escrevo não lhe agradem, peço que fale com palavras, afinal, recebo críticas construtivas de braços abertos. Apreciaria também que deixasse seu nome para contatos posteriores e talvez uma visita ao seu Blog, se o(a) senhor(a) tiver um.
O que me irrita no anonimato é a vaziez de existência, visto a incapacidade de trazer, junto a uma opinião, uma identidade. Daí o vazio do que falado, bem como da boca que o fala, que, por isso, é fraca e covarde.
Ao que interessa:
A linguagem do seu primeiro post é muito bonita, Luisa. Percebe-se que você tem, sim, algo a discutir, além de observações de mudo suas que, em última análise, serão o que será o seu nome. Sua prosa é leve e e cheia de você. E isso é belo, Luisa, ricamente belo...
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